Ela já não aguentava mais. Correu em meio as nuvens negras em busca de um abrigo onde pudesse ficar só. Apenas ela e ela mesma. Precisava pensar. Foi em direção a uma praça, a alguns metros onde se encontrava no início desta narrativa. Sentou numa espécie de grama envolvida com areia molhada, que deixou a sua calça com um aspecto mais sujo do que de costume. Olhou ao redor. Ninguém! Não queria ser vista, não que se importasse com o que os outros pensavam, mas não queria ser o alvo principal de pena. Estava completamente triste, mas não era sempre assim (ou quase sempre). Muitas vezes servia de exemplo para as pessoas, mostrando opiniões, era muito bem ouvida. Fazia estas rirem, com histórias mirabolantes de um futuro quase perfeito. O único assunto em que não tocava era a sua tristeza, seus lamentos, sua angústia, logo estes que era quase sempre companheiros dela, juntos alí, como se fossem apenas um. Por mais que conhecesse pessoas novas, ainda assim os dias eram carregados de solidão. Fora por muito rebaixada e humilhada pela pessoa que tanto amava, pela pessoa que pela ordem natural da vida fosse a que merecesse mais a sua confiança e lhe abrigasse em seu amor.
Pretendia mudar de vida, não era assim tão tarde para isso, mas ela se encontrava exausta e sem esperanças de melhora. Só Deus sabia o que havia se passado com ela por tantos, anos que nem mesmo ela recorda mais (talvez tenha conseguido formar uma armadura em volta de si), e só Ele sabe também de sua vontade de ser feliz, de sua vontade de viver.
Ela recorda dos planos que havia feito e levanta-se, ergue a cabeça pesada de tantas ideias. E já sem puder conter, jorra pra fora de si, em um líquido salgado como a sua vida, e transparente como a sua mente neste momento, toda a sua amargura. E Deus chora com ela.
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